terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cena Brasil, consciência e luta negra tomam conta do Sítio Histórico de Olinda

Centenas de pessoas deram a demonstração, em Olinda, de que é possível e proveitosa a parceria entre a Prefeitura, a sociedade e o movimento social, e a iniciativa privada. Quase mil pessoas participaram da Marcha da Consciência Negra, neste domingo (20.11) que teve a concentração no pátio da Igreja do Rosário dos Homens Pretos, bairro de Bonsucesso.  
 
O prefeito Renildo Calheiros (PCdoB) esteve presente e discursou em favor da história e da causa negra no Brasil. O Encontro de Afoxés, por volta das 16h, deu início à caminhada, que seguiu pela rua do Amparo, entrou nos Quatro Cantos e seguiu pela avenida Joaquim Nabuco, até a rua Marcos Freire, juntando-se ao Festival Cena Brasil 2011, no palco do Pátio do Fortim do Queijo, onde houveram várias atrações, desde o sábado. 
 
“Multiplicidade cultural no cenário histórico” foi o tema do evento, que marca o Dia da Consciência Negra na Cidade Patrimônio Histórico Cultural da Humanidade. A exemplo dos outros anos, as bandas participantes terão um CD com as músicas próprias. Quatro atrações culturais se apresentaram no domingo e outras cinco no sábado, no Pátio Fortim do Queijo, além da dança e do som do Encontro de Afoxés na Marcha que contou com a participação do grupo Unegro, entre outros.
 
No local do festival ocorreu também a Feira Social, com o tema Gastronomia de Terreiros. “O Cena Brasil 2011 é um encontro da música com o conhecimento, da arte com o lazer, da cultura com a história. Uma celebração de talentos, de inovação e renovação que traz pra nossa cidade a diversidade musical e cultural do nosso estado; em comunhão com a cultura do país e do mundo”, descreve um dos produtores do evento, Edilton Euclides (Energia). O Palco do Cena Brasil, este ano, no Pátio do Fortim do Queijo recebeu 11 atrações musicais em dois dias: as apresentações musicais de Dona Del do Coco, Coco de Toré Pandeiro do Mestre, Marcelo Santana, Grupo Bongar, Cavalo Marinho Boi Pintado, Banda Radares, Jorge Riba, Shifty Side e Ska Maria Pastora.

Em sua nona edição, o Festival Cena Brasil 2011, promovido pela Produção & Arte, com a Oscip Diálogos, tem um histórico bastante singular, segundo Energia, pois desde sua primeira edição em 2004, ele acontece em Olinda e em espaços abertos, permitindo uma interação com o público e valorizando o patrimônio histórico da cidade. “Além disso, o Cena Brasil tem um perfil itinerante, pois busca a cada ano utilizar os diversos equipamentos públicos, de forma gratuita e sempre garantindo o fácil acesso. Já aconteceu dentro do Carnaval de Olinda, também na Praça do Carmo, no Varadouro, em Peixinhos, Sítio de Seu Reis e agora aporta no Fortim do Queijo, que este ano foi um grande sucesso”, comemora Energia.


Por: Cristiano Jerônimo
www.cristianojeronimo.com.br
 

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Celebração no festival Cena Brasil

Com uma apresentação memorável, o Cena Brasil encerra a programação do festival em sua nona edição, na noite do dia 20 de novembro, na Praça do Fortim do Queijo. Em noite inspiradíssima, a festa começa com a missa Afro Descendente, na igreja Rosário dos Homens Preto em homenagem aos orixás e segue com a marcha da Consciência Negra ao som do toque dos afoxés, levando ao êxtase milhares de pessoas que lotaram as ladeiras da Cidade Alta de Olinda, reafirmando a cultura negra de resistência. 

“Multiplicidade Cultural no Cenário Histórico” foi o tema do evento que incendiou o Palco no Fortim do Queijo. O mar e o Sítio Histórico de Olinda viraram cenário para grandes apresentações de shows musicais e ainda uma Feira Social, “Gastronomia de Terreiros”, expondo dez pratos para dez orixás. No sábado a noite foi celebrada com apresentações do Cavalo Marinho Boi Pintado, no comando do Mestre Grimário, a Banda Radares expondo letras do cotidiano das comunidades, Jorge Riba levantando o público com o tradicional samba de raiz, Shifty Side trazendo as batidas de rock e hardcore para esquentar o verão olindense e Ska Maria Pastora finalizando com o som instrumental influenciado pela Banda The Skatalites. 

No domingo após o cortejo dos afoxés, no Fortim do Queijo, a noite seguiu com apresentações que encantaram o público. Dona Del do Coco mandou muito bem empolgando a platéia com o coco da Zona da Mata, em seguida o Coco de Toré Pandeiro do Mestre com um repertório de composições próprias e linguagens características prosseguiram a festa. A continuidade ficou com Marcelo Santana, que levou ao palco do Cena Brasil um repertório de músicas antigas e outras do seu novo CD, “Ska, Reggae e Dub” abordando transformação e reflexão social. O Grupo Bongar finalizou o festival com composições pinçadas nos cultos afro-brasileiros e no tradicional Coco Xambá, um sequência de blocos sonoros poderosos, contagiando e levando a participação ativa das pessoas. 

Por mais um ano o Cena Brasil convidou a população para homenagear a cultura negra e fez uma belo festival. Uma festa de vários artistas que celebra talentos e destaca a diversidade musical e cultural de Pernambuco. O Cena Brasil é isso, transformação, mistura e explosão. Agora é só esperar a próxima edição que promete uma festança celebral em dez anos do evento. Não perca tempo e venha fazer parte da cena!


Por: Renata Oliveira

domingo, 13 de novembro de 2011

VT do Cena Brasil 2011


sábado, 12 de novembro de 2011

Saiba um pouco mais sobre as bandas que estarão na 9ª edição do Cena

BANDA RADARES
 
A Barda Radares iniciou as suas atividades em meados de 2008, após a fusão de duas bandas “Decadência” (Rock) e “Resistores” (Hardcore). Formada por moradores do complexo de favelas V8 e V9 no bairro do Varadouro em Olinda, esses músicos passam em suas letras um pouco da realidade de quem vive na periferia, com letras que transmitem mensagens sobre “violência, política e esperança”, refletindo assim o cotidiano de quem mora nas favelas. Com isso a banda Radares iniciou uma ação em defesa da comunidade marcada pela violência e exclusão social. E em 2010 essa banda juntou 17 canções, lançando assim o seu primeiro CD, intitulado “Ilusão”.
 
JORGE RIBA
 
Foi como sambista, ou tocador de bateria de escola de samba e nos terreiros de candomblé que Jorge teve o seu primeiro contato com a música. Sócio fundador dos primeiros afoxés de Recife e um dos primeiros compositores de música para estas agremiações, foi um dos maiores incentivadores à criação dos blocos afros e afoxés do estado, buscando sempre o reconhecimento e valorização da identidade negra pernambucana. Fundador do afoxé Aalafin Oyó, Jorge Riba desde o inicio buscou a congregação e fortalecimento das ações afirmativas em nosso estado. Em definitivo como sambista Jorge vem atuando há 29 anos em palcos e  festivais de Recife e Olinda e também fora do estado e do país, sendo responsável por rodas de sambas onde se reúnem tradição da velha guarda com o bom gosto dos amantes do samba de raiz.
 
SKA MARIA PASTORA
 
Formada em 2008, o Ska Maria Pastora é um projeto de música instrumental de músicos pernambucanos que possuem em comum o gosto pelo ska, reggae e naturalmente pelo frevo. Influenciada por Capiba, Nelson Ferreira, The Skatalites principal expoente do ska, que misturam a música européia com a caribenha, a Ska Maria Pastora usa as harmonias de clássicos do frevo para envenenar a musica jamaicana. O resultado é uma música efervescente e dançante, tipicamente nem refinada, nem popular, mais altamente universal e de pura identidade. A banda lançou nesse segundo semestre de 2011 o seu primeiro álbum intitulado “As Margens do Rio Doce”. A banda vem conquistando cada vez mais público, participando de festivais no Recife, Olinda e em outros estados brasileiros.
 
MARCELO SANTANA
 
Pernambucano de Casa Amarela (Recife), Marcelo Santana tem na essência de sua música a fusão de diversos tipos de culturas e ritmos, tais como: reggae, maracatu, caboclinho, coco de roda, baião, ciranda, afoxé entre outras. A sua composição “América Central” foi classificada entre as melhores do ano de 1988 e 1989 no Projeto Espaço Aberto da Fundação Joaquim Nabuco. De lá para cá, Marcelo Santana desenvolveu um estilo próprio, com várias influências da música popular do Brasil, mais também da música mundial, sobretudo a jamaicana. Carregada de ska, dub, reggae, ragga, entre outros ritmos. Navegando nesse universo sonoro, Marcelo trouxe para o seu trabalho uma função social, produzindo música de transformação e reflexão. Seu mais novo trabalho é o CD “Ska, Reggae e Dub” que será lançado até o final de 2011.
 
GRUPO BONGAR
 
O Bongar é formado por seis jovens integrantes do terreiro Xambá, do Quilombo do Portão do Gelo em Olinda. Tem como propósito levar aos palcos a tradicional Festa do Coco Xambá, realizada na comunidade há mais de 40 anos. O Bongar tem um trabalho voltado para a preservação e divulgação da cultura pernambucana e a formação cultural de seus integrantes tem origem no universo popular, especificamente na comunidade religiosa Xambá.  O grupo mostra em suas apresentações toda a musicalidade do coco da Xambá, uma vertente desse ritmo tão presente no Nordeste do Brasil. Além de ciranda, maracatu, candomblé e outros ritmos da cultura raiz. Sua forte musicalidade, advinda de diversas influências musicais vivenciadas nos cultos afro-brasileiros, principalmente na linhagem Xambá, é herança deixada desde a infância aos integrantes do Bongar.
 
DONA DEL DO COCO
 
Dona Del do Coco, nascida e criada na Zona da Mata norte de Pernambuco, herdou dos seis pais e avós a arte da cultura musical, sendo o seu pai sanfoneiro e seus avós dominavam também o coco e a ciranda. Na sua infância costumava sempre cantar enquanto trabalhava na roça. Após passar 9 anos no Rio de Janeiro, na década de 80 Dona Del volta para Pernambuco, dando continuidade na composição de suas músicas. Foi quando surgiu a oportunidade de sua primeira apresentação a ONG SOS CIDADÃO, e a partir daí iniciou a sua trajetória de apresentações.
 
SHIFTY SIDE
 
Ironicamente criada no mês que tradicionalmente é dedicado ao Carnaval, surge a banda Shifty Side em Fevereiro de 2007, trazendo para Recife batidas de rock e hardcore. Na raça a banda lança o seu primeiro EP “Caindo Sozinho” já em 2009 eles entram em um estúdio para gravar de forma independente o CD intitulado “11 Segundos”, mostrando um trabalho mais sólido, criativo e com muita identidade que foi lançado em Dezembro de 2009.  Hoje se consolidam como uma das bandas mais influentes na cena local de hardcore em Pernambuco, que os levam a participações em festivais, programas de TV, execuções nas maiores web-rádios e convites em coletâneas de rock nacional e internacional. Tendo como influência bandas como: NX Zero, Dead Fish, Queens of The Stone Age, The Used e outras, a Shifty Side se prepara para o lançamento do segundo CD intitulado “Máquina Humana”, marcando a entrada de Balis na bateria, o que deixou a banda com uma nova pegada, com mais sonoridade e mais alternativa.
 
COCO DO TORÉ PANDEIRO DO MESTRE
 
O Pandeiro do Mestre é um dos grupos de coco mais requisitados de Pernambuco, constantemente apresentando em festivais importantes do estado. A banda veio animando os principais palcos e bares da Região Metropolitana do Recife, onde também está inserido o coco como uma das diversões adaptadas nas cidades, uma manifestação popular da diversidade cultural nordestina. O coco de toré que domina o repertório do Pandeiro do Mestre é uma forma de expressão fortemente influenciada pelos ritmos do coco-de-roda da região agreste-sertão e pela musicalidade do toré, ritual dos índios do nordeste brasileiro. O grupo também canta as cirandas de Baracho e da autoria de Nilton Jr. As poesias e as melodias criadas pelo compositor Nilton Jr. descrevem, representam e captam os sentimentos dos muitos, não somente da região, mas dos ouvintes fora do estado e do país. Nos últimos anos, o grupo foi convidado para realizar os shows fora do estado. A demanda dos artistas que procuram música com conteúdo cultural, Nilton Jr. freqüentemente recebe pedidos de compor cocos. O grupo Pandeiro do Mestre surgiu como um projeto paralelo da lendária banda Chão e Chinelo (Integrantes: Maciel Salu, Rodrigo Caçapa, Gustavo Vilar, Guilherme Medeiros, Márcio Costa e Nilton Jr.) que fez sucesso na década de 90 internacionalmente, junto com outras bandas referenciais da época: Mestre Ambrosio, Comadre Fulozinha, Chico Science & Nação Zumbi e Cascabulho. Aos poucos nasceu um repertório de composições próprias e linguagem característica. O nome PANDEIRO DO MESTRE é emprestado de um coco composto por Nilton Jr (hoje o único remanescente da primeira formação), que presta homenagens à banda Cascabulho, ainda no tempo em que a mesma fazia um projeto itinerante pelas feiras da capital e do interior pernambucano, mostrando a música de Jackson do Pandeiro.
 
CAVALO MARINHO BOI PINTADO
 
Criando-se aos redores da casa do Mestre Batista na Chã de Camará em Aliança, onde trabalhou muito, desde cedo com o cultivo da cana-de-açúcar Mestre Grimario esquecia-se de si mesmo e pegava-se brincando, imitando aquela figura para ele patriarcal com a brincadeira do Cavalo Marinho, utilizavam de garrafas, latas e matos que arrancava para se fazer do Nego Mateus e após muito “faz de conta” em brincadeiras com outras crianças, ele foi tornando-se folgazão, começou como “daminha” onde os garotos se vestiam de menina (pois na época ainda era proibida a presença de mulheres nas tradições culturais daquela região), foi adquirindo as figuras de “Seu Ambrósio”, onde recebeu um troféu como melhor figureiro, o “Pisa Pilão” dentre outros até tornar-se mestre, mestrando o cavalo marinho do Mestre Batista. Devido sua necessidade artística de ter seu próprio brinquedo vivendo desde a infância acompanhando os mestres mais tradicionais desejava fazer “algumas modificações” na brincadeira, então em Abril de 1993 criou o seu próprio brinquedo, e o intitulou de "Boi Pintado" em homenagem a um boizinho que ele estimava muito quando criança, chamado pintadinho. Hoje Mestre Grimario e o seu "Cavalo Marinho Boi Pintado", são referencias dessa tradição da Zona da Mata Norte em Pernambuco, onde ela mescla a tradição com modernidade, levando o nome do nosso estado para outras regiões e até no exterior.
 
 
Texto por Cristiano Jerônimo
 

Programação do Cena 2011


sábado, 5 de novembro de 2011

Confira a programação da Semana da Consciência Negra em Olinda